Alameda Caulim, 115 - sala 501 - São Caetano do Sul - SP

“Estamos todos de parabéns”, diz Soavinski nos 10 anos de ICMBio

“Estamos todos de parabéns”, diz Soavinski nos 10 anos de ICMBio

Saiba mais sobre: “Estamos todos de parabéns”, diz Soavinski nos 10 anos de ICMBio

No momento em que o ICMBio completa 10 anos, presidente faz um balanço do trabalho desenvolvido pelo órgão, destaca o papel de servidores e parceiros e aponta os desafios para o futuro

O analista ambiental Ricardo Soavisnki se sente feliz de estar como presidente do ICMBio justamente quando o órgão completa 10 anos nesta segunda-feira, 28 de agosto. Com mais de 30 anos de experiência na área ambiental, ele conhece bem o órgão. Trabalhou no Instituto com projetos de pesquisa, manejo e conservação de fauna, criação e gestão de unidades de conservação (UCs) e desenvolvimento do ecoturismo.

Formado em oceanografia, Soavinski faz, nesta entrevista, um balanço do trabalho do instituto nesses 10 anos. Ressalta os avanços, a importância das parcerias, a dedicação dos servidores e ainda cita as perspectivas para a próxima década. Admite que cuidar das 324 unidades de conservação federais no país, praticamente 9% do território nacional, é um desafio e tanto. “A riqueza do patrimônio natural nos impõe uma missão gigantesca, considerando o tamanho do país, a megabiodiversidade e a diversidade sociocultural das regiões”, argumenta.

Segundo ele, os bons resultados são fruto das parcerias, que vão desde a dedicação dos servidores do ICMBio, os órgãos públicos, iniciativa privada, sociedade civil organizada, voluntários, até a população, que também se engaja na defesa e proteção dos recursos naturais. “Estamos todos de parabéns. Evoluímos muito, mas temos ainda muito o que fazer, pois o país precisa e o planeta também”, ressalta.

O presidente diz ainda que o ICMBio cuida de vida - “Não só a vida da fauna e da flora, mas também das pessoas”. Segundo ele, não é somente das pessoas que vivem do extrativismo nas unidades de conservação, mas também das pessoas que buscam a natureza para ter momentos de lazer, esporte e contemplação. “Essa conectividade com a natureza, aproxima as pessoas da conservação da biodiversidade, ajuda a criar uma cultura de cuidados com a natureza”. Leia, a seguir, a entrevista na íntegra.

Qual é a sua avaliação sobre o trabalho do ICMBio nestes 10 anos?

Eu avalio que as coisas estão indo bem, que crescemos muito nesses 10 anos. Claro que eu também entendo que o instituto tem que trabalhar cada vez mais, e sei que o desafio é muito grande. Temos a missão de cuidar da biodiversidade, e esse patrimônio natural nos impõe uma missão gigantesca, considerando o tamanho do país, com a megabiodiversidade e com a diversidade sociocultural das regiões. Então, é um desafio muito grande. Ainda mais para um órgão que tem uma estrutura muito aquém do necessário. Mas eu diria que graças ao profissionalismo, a qualidade, e ao comprometimento dos servidores do ICMBio, alcançamos bons resultados até aqui. E, graças também, aos inúmeros e bons parceiros que temos. São as polícias, prefeituras e o próprio Ibama de onde nascemos, e é hoje um dos nossos principais parceiros. A boa sintonia que temos com o Ministério do Meio Ambiente, do qual estamos vinculados. As organizações do terceiro setor, que se dedicam a longo de muitos anos a nos ajudar. Na inciativa privada, temos parceiros operacionais e doadores. Então, quando se soma todos os parceiros, temos uma dimensão muito maior para enfrentar esse grande desafio. Em resumo, estamos todos de parabéns.

O ICMBio também tem alcançado bons resultados com o voluntariado?

Sim, essa foi uma grande conquista. Temos o parceiro individual, o voluntário, isso é maravilhoso. A gente vê que o voluntariado é muito forte em outros países. E no Brasil não tínhamos essa cultura. Foi um desafio, e implantamos o voluntariado nas unidades de conservação, nos centros de pesquisa e na própria administração. E evoluiu muito bem. Temos mais de 1.300 voluntários em 133 unidades de conservação. Hoje, quando soltamos um chamado para voluntariado, a demanda é grande, são muito os candidatos. Isso faz toda a diferença, porque percebemos que tem muita gente disposta a ajudar o instituto e a natureza. Eu acrescentaria ainda o trabalho voluntário dos 6.950 conselheiros que atuam em 278 unidades de conservação. Os conselhos ampliam os espaços de diálogo com a comunidade, isso é fundamental.

Desde que o ICMBio foi criado o número de visitantes nas Unidades de Conservação saltou de 3,5 milhões, para 7,9 milhões em 2016. Esse aumento deve-se ao fato da aproximação das pessoas com a natureza?

Acredito que tudo isso é parte das unidades estarem, cada vez mais, funcionando melhor. Isso propicia que a população entenda melhor o papel da biodiversidade, os serviços que a biodiversidade pode trazer, não só para o país, mas para o planeta. Temos paisagens belíssimas, uma biodiversidade riquíssima, e as pessoas já imaginam todo o serviço que as Unidades podem prestar, que é essencial à vida, como a água.

As unidades protegem valiosos mananciais, isso é um valor enorme para a sociedade. Além disso, as unidades estão vinculadas ao turismo, ao lazer, à recreação, à pesquisa, à educação ambiental, à renda, ao emprego, e tudo isso traz melhoria da qualidade de vida, e amplia a visitação. O ICMBio cuida de vidas. E não é somente a vida silvestre, mas também da vida de pessoas. E não é somente das pessoas que dependem diretamente das unidades de conservação. E também das pessoas em geral, que visitam as unidades, que vão ter momentos de lazer com a sua família. Recentemente, inauguramos uma trilha de bike, que também serve para caminhadas, na Flona de Brasília. Esse espaço faz toda diferença para a vida das pessoas que frequentam a Flona. Então, de uma certa maneira, estamos cuidando da vida das pessoas. Elas usam os espaços para lazer, contemplação, aumentando sua conectividade com a natureza. E tudo isso aproxima a população das unidades.

E quais são os problemas e as oportunidades que as Unidades de Conservação oferecem?

Recentemente, estava em uma audiência pública da Comissão de Agricultura e Pecuária junto com o ministro Sarney Filho, e o assunto de unidades de conservação foi abordado por diversas vezes só apontando problemas. Chegou em um certo momento em que eu provoquei: vamos parar de falar dos problemas que unidades têm, porque problemas todos temos, e vamos falar das oportunidades das unidades de conservação, do que elas produzem. A agricultura e pecuária produzem alimentos, as unidades também produzem muito alimentos nas Reservas Extrativistas (Resex), e as Florestas Nacionais (Flonas) têm produção de madeira. Temos 60 mil famílias que retiram seu sustento dessas unidades, incluindo ainda a Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS). Portanto, as unidades produzem oportunidades de geração e renda, então, a gente também está tratando, quando se fala em unidades de conservação, de produção e oportunidades. Outro exemplo que acho importante. As baleias, quantas oportunidades elas podem propiciar com o turismo de avistamento, assim como as onças no pantanal. Então, as Unidades geram muitas oportunidades, não somente de proteção do patrimônio natural, mas de geração de renda. O turismo nos Parques Nacionais. Além dos serviços ambientais como a água e o clima. E esse olhar das oportunidades que precisamos valorizar mais.

Especificamente, na área da conservação da fauna, o ICMBio promoveu há 3 anos a atualização da lista das espécies ameaçadas. Um trabalho monumental. Como o senhor avalia essa conquista?

Fazer essa avaliação das espécies, foi um trabalho enorme que envolveu centenas de pesquisadores. E foi necessário fazer uma avaliação dentro de uma metodologia previamente definida. Afinal, saímos de mil espécies avaliadas para mais de 12 mil espécies, divididas entre anfíbios, aves, mamíferos, peixes continentais, peixes marinhos, répteis e invertebrados marinhos e terrestres, todos analisados quanto ao estado atual de conservação, com identificação das categorias de ameaça de extinção. Todo esse trabalho foi um avanço grande, e rendeu até prêmio. Entretanto, mais do que a avaliação das espécies é tomar as medidas para reverter a situação de ameaça. Para isso, temos Plano de Ação para cada espécie. Temos planos para 576 espécies ameaçadas de extinção. E todo o nosso trabalho e a mobilização para implementar as ações necessárias para a proteção dessas espécies, tem alcançado bons resultados. Como a baleia jubarte, que até já foi retirada da lista de espécies ameaçadas de extinção. As tartarugas com o projeto Tamar, as onças-pintadas que aumentou a sua população no Parque do Iguaçu, e diversas outras espécies.

O ICMBio hoje cuida de 324 unidades de conservação, representa 9% do território nacional. Como surgiram as unidades de conservação?

Foi através da pesquisa que surgiram muitas das unidades de conservação. A primeira ou a principal importância das unidades é a conservação do habitat, foi assim que elas nasceram. Foram criadas em função da presença de espécies ameaçadas, informações que foram trazidas pela pesquisa, pelo conhecimento. Por isso, a pesquisa é fundamental. Muitas foram criadas em função para proteger mananciais, e, na época, nem se falava em serviços ambientais ou serviços ecossistêmicos. O Parque Nacional de Brasília, por exemplo, foi criado para proteger o manancial. Por isso, todo esse conhecimento, fruto de pesquisa, é extremamente necessário para fundamentar a criação das unidades, mas também para a gestão da unidade, o conhecimento das espécies, o conhecimento ecológico. Além do conhecimento sobre os modos de vida, sobre toda a situação de desenvolvimento em torno dessas unidades, das ameaças que elas sofrem.

O Refúgio de Vida Silvestre de Alcatrazes foi a primeira unidade de conservação que fez um plano de manejo em seu primeiro ano de criação. Isso significa um destravamento dos planos de manejo?

Evoluímos também na parte dos planos de manejos. Partirmos de 70, e hoje temos 178 planos feitos. Uma media de 10 por ano, é uma evolução grande. Hoje a maior parte das unidades já têm seu plano de manejo e tem mais de 70 sendo elaborado. Acreditamos que, com a revisão da metodologia de planejamento, vai dar ainda mais celeridade ao processo. Alcatrazes realmente foi a primeira unidade que fez seu plano de manejo no seu primeiro ano de vida. Prometemos que ficaria pronto e publicado quando a unidade completasse um ano. A equipe foi muito eficiente, e, agora, vamos abrir a unidade para visitação. Já temos uma solenidade prevista para os próximos dias, para assinar a portaria que define o plano de uso público e de cadastramento de embarcações que vão operar para o turismo de mergulho e de contemplação da natureza. O arquipélago é pouco conhecido, tem potencial turístico, e protege uma área com elevada riqueza e abundância em biodiversidade marinha e insular, sendo considerada a região de fauna recifal mais conservada do sudeste e sul do Brasil, abrigando mais de 1.300 espécies.

E quais são os desafios que o ICMBio enfrenta?

Temos que criar mais unidades de conservação e implementá-las. Elas são mais que necessárias para proteger nossa biodiversidade e o patrimônio sociocultural. E precisam ser bens geridas e ofertar todas as oportunidades. Eu acredito que o ICMBio está no caminho certo, e, se tiver mais condições de trabalho e de estrutura, vamos conseguir aumentar o número de unidades. Mesmo com as restrições orçamentárias, queremos implementar e colocar em funcionamento todas as unidades de conservação no país. Para isso, estamos mexendo em instrumento de gestão, como na própria metodologia de plano de manejo. Também queremos trazer mais parceiros da iniciativa privada, por meio das concessões, para ampliar o apoio do uso público nos parques nacionais. Trabalhar mais ainda na pesquisa e no manejo das espécies para reverter as ameaças de extinção. Ampliar as ações e valorização da produção extrativista. Investir mais no turismo de base comunitária. Ampliar a pesquisa das unidades de conservação. Temos unidades de conservação muito bem implantadas, em todas as categorias, funcionando muito bem. Além de excelentes projetos e iniciativas para a pesquisa e conservação das espécies, mas temos que aumentar a escala. Para isto, é fundamental, além de aprimorar os instrumentos e modelos de gestão, ampliarmos nossa força de trabalho. Temos um excelente time, mas somos poucos ainda frente ao enorme desafio. Fundamental também é investir na comunicação e na aproximação das Unidades de Conservação com a sociedade, para um melhor entendimento, valorização e proteção deste riquíssimo e maravilhoso patrimônio ambiental e sociocultural que nosso país abriga.

Materia retirada do site: ICMBio

Gostou? compartilhe!

chamar no WhatsApp
chamar no WhatsApp
Comercial TEMA Meio Ambiente www.temameioambiente.com.br Online
Fale com a gente pelo WhatsApp
×